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Entre Exposições Paralelas e a Vitrine Global: Minha Jornada na Bienal de Veneza

Sergio Cesario

Dec 6, 2024

Conexões, Estratégias e os Desafios do Mercado de Arte

Ao revisitar a experiência transformadora da Bienal de Veneza, especificamente sua 60ª edição, encerrada em 24 de novembro de 2024 sob a curadoria de Adriano Pedrosa, é importante contextualizar minha participação no âmbito das exposições paralelas. Nos últimos anos, minhas obras estiveram presentes em eventos organizados pela European Cultural Centre (ECC), uma plataforma independente que opera paralelamente à Bienal, reunindo artistas internacionais.

Sob o tema "Foreigners Everywhere", a curadoria de Pedrosa apresentou uma narrativa pulsante e inclusiva, que explorou as experiências de indivíduos marginalizados — um tema que reverberou tanto no conteúdo quanto na composição dos artistas selecionados. A presença de vozes indígenas e do Sul Global não foi apenas significativa, mas revolucionária. Obras como o mural do Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU) e a instalação do Coletivo Mataaho destacaram-se no Arsenale e nos Giardini, respectivamente, não apenas por sua estética, mas por desafiar a visão eurocêntrica ainda predominante no mercado de arte.


Vale destacar minha participação na sala curada por Milagros Bello, da MIA Curatorial Projects, sob o tema "Americas: Terra dos Sonhos". Essa exposição, integrada ao projeto Personal Structures: Beyond Boundaries, da ECC, abordou de forma profunda e instigante questões como identidade, pertencimento e os sonhos que moldam as narrativas das Américas. A curadoria de Bello criou um espaço poético e provocador, explorando as conexões entre passado, presente e futuro em um diálogo rico entre artistas contemporâneos de diversas origens.


MIA Curatorial Projects

Participar dessa sala foi um privilégio que me permitiu dialogar com uma visão curatorial sofisticada e ampliar meu alcance dentro de um evento que, apesar de paralelo, atraiu um público engajado e influente. Contudo, essa experiência também reforçou um aprendizado essencial: enquanto exposições desse calibre oferecem visibilidade, o verdadeiro trabalho começa na transformação dessas oportunidades em conexões sólidas e duradouras no mercado de arte.


Embora a ECC não faça parte oficialmente da Bienal de Veneza, suas mostras ocorrem em espaços históricos da cidade e atraem um público significativo de curadores, galeristas, colecionadores e críticos que visitam Veneza durante o evento. Ter minhas obras destacadas nos catálogos dessas exposições foi um marco, permitindo-me visibilidade em um contexto amplamente reconhecido. Contudo, é fundamental esclarecer que participar de uma exposição paralela, mesmo em um momento tão vibrante quanto o da Bienal, é apenas o início de um percurso mais longo.


A Importância de Estratégias e Conexões no Mercado de Arte

No mundo da arte contemporânea, a participação em exposições como as promovidas pela ECC representa uma oportunidade única de alcançar um público diversificado e engajado. Contudo, a transição entre visibilidade e resultados concretos, como vendas e colaborações, requer um esforço contínuo e estratégias bem definidas. A conexão com os players do mercado — curadores, galeristas, colecionadores e críticos — é indispensável para transformar uma boa exposição em oportunidades reais de carreira.

A Bienal de Veneza, incluindo as exposições paralelas, proporciona uma vitrine global que pode alavancar carreiras. No entanto, a complexidade do mercado de arte exige mais do que uma presença marcante. A compreensão das dinâmicas comerciais, a construção de relacionamentos sólidos e a habilidade de dialogar com os interesses específicos de colecionadores e instituições são peças-chave para alcançar o reconhecimento e a sustentabilidade.


O Papel da ECC e as Oportunidades Paralelas

A European Cultural Centre desempenha um papel crucial ao criar espaços que acolhem artistas de diferentes trajetórias e perspectivas. Suas exposições são realizadas em locais históricos, como o Palazzo Bembo e o Palazzo Mora, garantindo uma atmosfera que dialoga com a efervescência cultural de Veneza. Essas iniciativas paralelas ajudam a preencher lacunas, oferecendo uma alternativa a artistas que, por vezes, não são contemplados na Bienal oficial.

Mesmo assim, é preciso encarar essas oportunidades com realismo. Participar de exposições paralelas pode ser um grande passo, mas não substitui o trabalho árduo necessário para se posicionar no mercado. O mercado de arte, especialmente em eventos como a Bienal, ainda é dominado por redes e dinâmicas que favorecem artistas com acesso a galerias e colecionadores de peso.


Conectar-se é Fundamental

A 60ª Bienal reafirmou a importância da conexão. Os eventos paralelos, como os da ECC, são cruciais para criar redes, mas cabe ao artista ou à equipe que o representa transformar essa visibilidade em colaborações e vendas. Participar de uma exposição como as da ECC é um privilégio e um desafio — um passo essencial em direção ao reconhecimento, mas longe de ser o destino final.

Essa experiência reforçou a necessidade de estratégias claras e da construção de relacionamentos autênticos. É nos jantares, nos eventos de abertura e nas conversas informais nos cafés venezianos que as verdadeiras oportunidades se materializam. Estar aberto a essas interações é tão importante quanto apresentar um trabalho impecável.

O legado da 60ª edição da Bienal, sob a liderança visionária de Adriano Pedrosa, deixou claro que transcender barreiras — tanto criativas quanto comerciais — é uma jornada contínua. O desafio é navegar essas complexidades com autenticidade e resiliência, transformando a experiência de Veneza em um trampolim para o futuro.



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